terça-feira, 24 de março de 2015

ÁLCOOL, IDOSOS E SOLIDÃO

A  aposentadoria, ausência da rotina do trabalho, dos amigos, a ociosidade podem levar a solidão e ao gosto por bebidas.

Omar Jaluul, geriatra do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, chama atenção para o fato de os idosos, geralmente, tomarem remédios. “Misturar álcool com medicamentos é muito perigoso em qualquer idade e muito mais na avançada. Os riscos de depressão, hipertensão e perda de memória se tornam muito maiores.”
Omar também diz que o idoso tende a ficar embriagado mais rapidamente, mesmo ao ingerir doses pequenas. “E eles bebem de forma muito rápida, sempre sozinhos, perdem o apetite e ficam muito mais irritados”, conta o especialista.
“Comecei a beber como todo mundo. Bebia socialmente, mas com o tempo isso virou rotina e afetou a minha vida”, conta José Pereira, que está sem beber há dez anos.
Omar Jaluul também diz que várias consequências do álcool são ainda mais graves para o idoso. “Há mais riscos de acidentes, inclusive de trânsito.”
O especialista explica que o alcoolismo pode ser uma herança familiar mas, no caso dos mais velhos, a principal causa é, sem dúvida, de fundo psicológico. “O álcool funciona como tranquilizador para medos, ansiedades e frustrações”, afirma Omar. “Por isso, a abordagem psicológica e a terapia ocupacional são muito eficientes no tratamento. E, de todas as ajudas, o apoio da família é a mais importante.”

A família também precisa de ajuda
Além do alcoólatra, a família toda sofre e precisa de ajuda para  entender o que se passa com o dependente e aprender a lidar com a situação.  Para isso, foi criado o Grupo de Familiares AL-ANON (Grupo de Familiares dos Alcoólicos Anônimos). Funciona como o AA (Alcoólicos Anônimos), mas com reuniões entre pais, filhos,  cônjuges, namorados e amigos próximos do viciado.
Marisa Lopez, mulher de Luís Rodrigues, advogada, mãe de  três filhos adultos, é uma das frequentadoras do  AL-ANON. “Meu marido nunca foi agressivo, mas ele sumia, bebia muito e não admitia que estava doente. Dizia que era normal, sem perceber que aquilo estava afetando a nossa vida”, conta ela. “Por duas vezes, ele saiu de casa e foi morar com um amigo. Da última, há dez anos, desapareceu por dez dias. Quando o encontramos, ele estava péssimo. Eu e um dos nossos filhos o levamos para uma clínica. Foi lá que ele passou a frequentar as reuniões do AA e também me falaram do AL-ANON.”

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