Retornando para a região sudeste, passou em um concurso, continuou estudando. Era feliz, ao lado dos filhos e do esposo querido. Planejavam voltar para São Paulo. Deus revolveu colher a flor do jardim da menina e ele aos quarenta e quatro anos faleceu subitamente. Ela estava no primeiro ano da faculdade de Direito. Sonhou muito com a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco ou melhor USP. Mas optou pelo amor, casou teve filhos, não desistiu do sonho. Quando ele faleceu ela estava no primeiro ano.Para terminar o curso de Direito contou com a ajuda do padre amigo, que mesmo à distância, ajudou a pagar o segundo ano e com a ajuda de um ex prefeito para que pudesse cursar o terceiro e quarto ano. Ia para a escola com uma mochila de roupas para vender a fim de completar a renda. Foi salgadeira, costureira, sacoleira, dormia duas a três horas por noite, mas concluiu o curso de Direito e manteve os filhos na escola onde estudavam. Muitas vezes assistiu aula com fome, o cansaço era tanto que dormia na ida e na volta da escola. Assim ela realizou seu sonho de menina quarenta anos após ter dito para sua mãe o que seria quando crescesse. Formou aos quarenta e oito anos de idade. Toda a história é verdadeira e em breve será lançado livro. A menina que disse que ela não seria porque era preta e pobre, ironia do destino, não fez o curso.
Ao receber o diploma, na saída, abraçada a uma das colunas ela chorou muito e cantou baixinho. Onde é que mora a amizade. Onde é que mora a alegria. No largo de São Francisco. Na velha academia. Ela não conseguiu realizar o sonho de formar na USP, mas formou numa das mais lindas faculdades do Brasil e exerceu a profissão durante vinte anos. Aposentada, feliz, ainda estuda, tem a pretensão de aprender mais três línguas. Inglês, Francês e Espanhol e vai vencer mais uma etapa da vida. A imagem ao lado do texto é da faculdade de Direito do Largo de São Francisco. São Paulo/SP
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