sábado, 26 de outubro de 2013

HISTÓRIA DA MENINA IX


A menina crescia e aos treze anos todos diziam que era muito bonita, magra, dentes bonitos, cintura muito fina, para a época, a menina era o que se podia chamar de boneca. Mas era infeliz, não aceitava a realidade da vida que vivia, Ela queria estudar, seu irmão do coração já havia lhe ensinado tudo que sabia, mas ela queria mais, ouvia notícias no rádio e ficava sonhando com a profissão, ou melhor, com o nome da profissão que escolhera aos oito anos de idade. Em junho de mil novecentos e cinquenta e oito aconteceu a maior tragédia da sua vida de menina. que foi confirmada em novembro do mesmo ano. Então sua  mãe a enviou para São Paulo, ela precisava de tratamento. Período muito doloroso que será narrado futuramente. A menina ficou curada mas sua mãe permitiu que ela ficasse em São Paulo na casa sua tia.
Começa uma nova fase em sua vida. A menina vai trabalhar como empregada doméstica, e seu sonho de criança ressurge com toda força. Ali ela podia estudar. Depois de algum tempo a menina mudou de emprego, foi para casa de uma família maior, mas onde ganhava mais, porém não tinha tempo para estudar. Por isso sua tia a orientou a comprar o jornal Diário Popular e saiu com ela a procura de novo emprego. Assim ela chegou  a casa de uma senhora muito boa, que a chamou de bichinho assustado e lhe deu emprego. Era uma casa muito grande, no bairro de Santana. A família era composta de cinco pessoas. O casal um filho e duas filhas, as meninas tinham idade próxima da sua. A senhora e suas filhas liam muito. Ela assinava Edição Saraiva e todos os meses recebia livros. Depois que todos liam, ela permitia que a menina lesse. Comprava revistas, Cláudia, O Cruzeiro e outras e a menina lia tudo, lia também os jornais.
Trabalhava muito,  a casa era muito grande, tinha escada de mármore que era limpa com sapólio de pedra. Lavava e passava toda a roupa, apenas não cozinhava.
A senhora gostava muito dela e a ensinou a se vestir com bom gosto, frequentar cabelereiro. O fato é que quem olhasse para a menina aos dezoito anos não acreditava que era uma empregada doméstica.
Mas a menina queria mais. Naquela época não existia supletivo, mas tinha o madureza ginasial e colegial, era mesmo uma dureza. Tinha que estudar em curso particular e depois fazer prova na escola estadual e os examinadores cobravam tudo na prova, era o mesmo que os alunos do curso seriado, tinha que estudar muito
Mas a menina era teimosa e se destacou durante o curso, seu primeiro prêmio conquistado no curso preparatório foi o livro As Aventuras do Tibicuera. estudou datilografia no Instituto Brasileiro de Mecanografia, estudou Taquigrafia. Umas das filhas da senhora a ajudava na matemática e ciências.
|Mas ela queria mais e enfrentou o madureza colegial. Seu passeio era ir a missa aos domingos, na Igreja de Nossa Senhora da Saúde. Nessa época moravam na vila Clementino.

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